1 de out. de 2009



Afastai-vos, hipócritas carolas; Não entreis, monges sujos, preguiçosos, Do que os godos mais vis, e gabarolas; Não achareis aqui tolos ou tolas; Aqui não entram rufiões e ociosos. Afastai-vos, farsantes, mentirosos; Ide pregar além vossas patranhas, Ide usar mais além as artimanhas.
Os vossos abusos Tornaram-se em usos De pura abusão, E eis que então Se mostram difusos Os vossos abusos.
Vós que explorais os autores e os réus, Afastai-vos daqui, falsos juristas, Traficantes, escribas, fariseus, Que lesais os sabidos e os sandeus, Com autos, citações, liças e listas, Estendendo os processos; chicanistas, Afastai-vos, livrando-nos assim Das demandas inúteis e sem fim.
Processos e pleitos São feitos, desfeitos, Sem lucro nenhum Para cada um. Não trazem proveitos Processos e pleitos.
Afastai-vos, malditos usuários, Malsãos adoradores do dinheiro, Que, com muita má fé e embustes vários, O ouro acumulai, vis onzenários, Furtando, de janeiro até janeiro, O que luta e trabalha o ano inteiro, Tão vorazes, e magros como um galgo, E só depois de mortos valeis algo.
Não é vossa face Humana, não faz-se Humana a ninguém. Sois ricos, porém, Humana e ferace Não é vossa face.
Não entreis, não entreis, velhos mastins, Que alimentais os ódios, rancorosos, Nem vós, insufladores de motins, Que sois das feras vis meros afins, Insensíveis, covardes invejosos, Cegos pela ambição ambiciosos. Com os lobos ide o ódio saciar, Não desonreis com o ódio este lugar.
O ódio aqui não cabe, Tudo aqui se acabe Que do ódio vem, A ira não convêm, Pois como se sabe, O ódio aqui não cabe.
A porta está aberta, é só entrar; Sede bem-vindos, nobres cavaleiros. Aqui é vossa casa, este lugar Há de sempre acolher-vos, abrigar Os joviais, os bons, os justiceiros; Aqui são todos francos companheiros, E se cultivam o entusiasmo e a calma, A alegria do corpo e a paz da alma.
Reina a amizade, O mal não há de Aqui entrar; É o nosso lar, Nele em verdade Reina a amizade.
Entrai, entrai, ó vós que o Evangelho Com bom senso e verdade anunciais; Aqui tereis refúgio, honra e conselho, Proteção contra o erro, ou novo ou velho, E separados não sereis jamais Da fé sincera, dessa fé que amais. Não entra aqui, não fala, não encanta O inimigo da palavra santa.
O verbo sagrado Não fica calado Aqui nesta casa. Tem vozes, tem asa, E voa, e é falado O verbo sagrado.
Entrai, nobres damas da alta linhagem, Aqui vos esperais virtudes e ventura. Entrai, belas damas de grande coragem, Entrai, e encontrareis nessa viagem Um porto amigo, abrigo à vossa altura, Uma angra tranqüila e bem segura. Nobres damas entrai, aqui tereis O que bem desejais e mereceis.
A vida é suave Qual canto de ave, Nem pranto nem dor, Mas hinos de amor Quais cantos de ave. A vida é suave.

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